sábado, 25 de outubro de 2014

EXERCÍCIO DE DILETANTISMO EM POLÍTICA



O foco deste blog não é política, é claro. Mas, de vez em quando, abro uma exceção a mim mesmo para falar de assuntos fora do escopo da literatura e das artes. Hoje é um dia desses.



Não sou muito afeito a falar de política, assim como não sou muito afeito a falar de religião. Política e religião não são questões de argumentação lógica, mas sim de convicções individuais, na maioria das vezes inexplicáveis pelo argumento e pela lógica.



Ainda assim, acompanhando toda a cobertura do primeiro turno das eleições feita pelo canal Globo News no domingo (05/10/2014) e assistindo a todos os debates presidenciais neste segundo turno, particularmente o último, veiculado pela Rede Globo em 24/10/2014, eu senti a necessidade de compartilhar algumas reflexões pessoais.



ESTADO DE SÃO PAULO



Começo com o meu estado, o lugar onde nasci, cresci e moro. Como já era esperado, Geraldo Alckmin (PSDB) se reelegeu, no primeiro turno e pela quarta vez, para o governo do estado (aliás, ganhou de lavada).

Motivo: o estado de São Paulo é extremamente conservador, elitista e absolutamente cético em relação à políticas assistenciais de quaisquer tipos, aqui consideradas meramente moedas de troca. Não que tais políticas não sejam moedas de troca. Sim, elas são e, mais do que isso, são a base de formação da famosa “massa de manobra”. Contudo, aqui em São Paulo as pessoas parecem ter uma consciência expandida erraticamente em relação a tal aspecto.



A população da cidade de São Paulo aprendeu, ao longo de vários mandatos, o que é melhor para si. A grande São Paulo, o interior e o litoral do estado, que constituem o grosso da massa de eleitores, não aceita esse aprendizado, tanto que elegeu de novo Alckmin, Marcos Feliciano, Celso Russomano, Tiririca etc. Em suma, a maior parte da população de São Paulo prefere a aristocracia tucana, a homofobia feliciana, a falta de noção russomaniana, a estupidez tiriricana e, novidade da vez, a mais do que comprovada incompetência de José Serra, eleito senador pelo estado. Essas escolhas refletem o tipo de eleitor que constitui a média da popular da assim chamada “lo(u)comotiva do país”.



Não há muito o que dizer. Há, sim, muito a lamentar. Mas é isso que o paulista, na sua extrema arrogância, quer para si. Mesmo que a escola pública em que seu filho estuda seja péssima em todos os sentidos, trata-se de uma escola pública do estado de São Paulo que, só por isso, é, por imanência, infinitamente melhor que qualquer outra escola pública do país. Não interessa se falta água para milhões de pessoas na cidade e no estado de São Paulo, pois o fato é que é o estado de São Paulo, e mesmo a falta de banho aqui é mais valiosa que um banho bem tomado no Amazonas, ou o “CC” daqui é mais cheiroso, por ser do estado de São Paulo, do que o “CC” de Minas Gerais. Não faz a menor diferença se a USP está ou não falida, pois é a USP, e isso basta.



O paulista vive, em sua imensa maioria, envolto em uma ilusão de grandeza que não permite que enxergue nada a seu lado ou diante de si, que dirá a sua volta. E essa ilusão não é imposta por ninguém, mas sim auto-imposta: somos bandeirantes desbravadores, somos ricos, somos a locomotiva do país, somos o estado mais desenvolvido em tudo, não precisamos de esmolas para nada. É isso que o paulista aprende quando vai à escola (que o Brasil não existiria, por exemplo, sem as bandeiras paulistas). É assim que o paulista pensa. É assim que o paulista age, mesmo que more em uma das diversas favelas do estado ou que lhe falte comida na mesa. Logo, se vive em uma situação completamente ilusória criada por e para si mesmo(a), não é de espantar que deseje um governo de ilusões, como é qualquer governo do PSDB.



O estado de São Paulo adora governantes que ajam como Maria Antonieta, já que se considera, dentre outras fantasias de grandeza, a França brasileira: “se não têm pão, que comam brioches”, “se não têm água, que tomem champanhe”. É o típico pensamento que causa um deleite quase orgástico no paulista médio e, quando o paulista “menos favorecido financeiramente” (ainda que ele(a) não acredite nisso, já que ele(a) é paulista, e simplesmente não existem paulistas “pobres”...) clama por uma atuação mais efetiva do governo PSDB no campo social, tal governo se utiliza de ideias do governo PT e cria, por exemplo, para usar a brincadeira de José Simão, o muito apropriado programa Meu Banho, Minha Vida, algo que até o candidato psdbista à presidência da república parece querer copiar na política de desenvolvimento do país (obviamente, o programa Meu Banho, Minha Vida é um chiste de José Simão, mas eu não duvido que a ideia tenha perpassado a mente de Alckmin e seus asseclas para resolver, a partir de uma leitura deturpada, corrompida e fantasiosa do programa petista Minha Casa, Minha Vida, o problema da falta d’água no estado).




A dificuldade maior, ou melhor, a única dificuldade, já que para a maioria está tudo bem, é para os paulistas dissidentes, “reacionários malditos”, “esquerdistas desgraçados comedores de criancinhas”, ou pessoas que gastam muito tempo pensando ou não acreditam em ilusões, como eu e alguns (poucos) outros. Sabendo de tudo isso que descrevi, sou obrigado a sobreviver nesse mundo de ilusões criado pelo PSDB e tão real nas mentes da grande maioria da população paulista que me rodeia (inclusive entre meus próprios colegas de profissão, que, teoricamente, deveriam compor a “massa pensante” do estado).



Na condição de professor de respeitada universidade pública estadual, meu chefe maior na hierarquia é o próprio governador do estado, e eu tenho que conviver com isso, querendo ou não, mesmo sabendo e sendo vítima de todos os desmandos desse governador; como cidadão, vivo em uma cidade governada pelo PSDB que passou, em dez meses, de uma das cidades mais ricas do estado para uma cidade falida, e também sou obrigado a conviver com isso ou, se não, a mudar de cidade (quiçá de estado).



José Simão diria para eu pingar um colírio alucinógeno nos olhos e seguir em frente. O problema é que colírios alucinógenos já não estão mais funcionando, pois já não dá mais para continuar fingindo que o sucateamento da educação pública de São Paulo não é um processo já bastante avançado, que a corrupção tucana não é crônica no estado todo, que todos os mensalões não começaram aqui neste estado e em Minas Gerais sob os auspícios psdebistas, que o preço da comida no estado não é maior do que em todos os demais estados do país etc.



De fato, o assistencialismo petista chega a ser vergonhoso: é bolsa família, bolsa gás, bolsa para tudo. Se eu pensasse psdebisticamente, é fato que eu trabalho o mês inteiro para que 27,5% do meu salário bruto seja dado de graça para o pagamento de bolsas que, sim, eu sei, só servem para gerar massa de manobra, pois não resolvem nenhum problema do país. Mas eu prefiro que esses 27,5% do meu salário sejam transformados em bolsas assistencialistas, mesmo discordando dessa prática, do que embolsados pelos diversos mensalões tucanos que existem no meu estado e no resto do país. Pelo menos, sei que meu dinheiro está ajudando a resgatar alguém do abismo da miséria.



Infelizmente, se eu quiser, vou ter que engolir (e ficar caladinho, ou estou encrencado) a segunda opção: por mais 4 anos, quase um terço do meu salário será sim utilizado para o pagamento de mensalões diversos, dentro e fora do estado de São Paulo, e para ser embolsado em esquemas sujos de corrupção enquanto eu trabalho feito uma mula para conseguir 70 pontos anuais em uma planilha de avaliação que considera apenas a quantidade de coisas que eu produzo como professor e pesquisador, e não a qualidade dessas coisas; enquanto eu pago R$ 15,00 por um pacote de arroz, não por ele ser um arroz melhor, mas porque ele é vendido no estado de São Paulo, onde todos são ricos e felizes; enquanto eu pago R$ 25,00 por um quilo de carne não por ela ser filé mignon, mas por ela ser um coxão mole vendido no estado de São Paulo, onde todas as pessoas são melhores do que todo o resto dos habitantes do país; enquanto eu pago R$ 200,00 em um simples par de sapato não porque é de grife ou coisa que o valha, mas porque é vendido no estado de São Paulo, onde tudo é infinitamente mais caro porque... bem... é o estado de São Paulo, e todos podem pagar mais caro porque se é mais caro, é melhor; enquanto eu pago 18% de ICMS sobre absolutamente tudo que eu compro não porque esse imposto será revertido em melhorias nos serviços estaduais, mas porque o imposto no estado de São Paulo é mais caro porque é o estado de São Paulo, e aqui adoramos pagar impostos mais caros para mostrar ao país que vivemos em um lugar tão abençoado que está, em todos os sentidos, acima de qualquer realidade.



Ah! Sim, claro. A culpa de tudo isso é do PT.

Não! Do PT não! Da pessoa de Dilma Rousseff.



MARINA



Marina Silva podia ter feito a diferença nestas eleições. As urnas mostraram que ela era um nome representativo, e certamente poderia ter ido para o segundo turno não fossem suas posições voláteis, seus ataques infundados ao PT e suas intransigências. Marina poderia ter constituído uma terceira via diferenciada, provavelmente viável, ao PT e ao PSDB, mas Silas Malafaia e Jair Bolsonaro a “influenciaram” a ficar quietinha na dela. Ah! Sim, Marina é facilmente influenciável pela famigerada bancada evangélica, uma neoplasia maligna que tem se agravado cada vez mais nesse país e, se continuar nesse ritmo, logo levará a nação à inevitável e irreversível metástase.



É claro que Marina só pode se aliar a Aécio Neves no segundo turno, visto que seria totalmente incoerente um apoio ao PT de Dilma depois dos posicionamentos tomados por ambas, ainda que Marina seja cria do próprio PT e, é claro, como Fernando Henrique Cardoso (que, apesar de praticamente ninguém se lembrar, estava no momento oficial de fundação do PT em 1980 como petista), agora renegue suas origens e cuspa descaradamente no prato em que comeu durante a maior parte de sua carreira política.



Marina é o típico político sentimentaloide: ressente-se facilmente de uma palavra e de um olhar atravessado, ainda que, como todo bom político, sua língua esteja pronta, a todo instante, para atacar e/ou falar sandices absurdas. Na verdade, é por isso que ela apóia Aécio: por pura birra, já que o PT esfacelou suas máscaras políticas.



Por sorte, o eleitor de Marina não tende a ser tão volátil e sentimentaloide como ela própria: no geral, neste segundo turno, quem votou em Marina nas regiões sudeste e sul votará em Aécio, enquanto quem votou em Marina nas regiões nordeste, norte e centro-oeste votará em Dilma (sim, infelizmente, este país é polarizado dessa forma).



A implicação disso tudo é que a carreira política de Marina Silva, a partir destas eleições, pode estar morta e enterrada. Sim, ela obteve 22 milhões de votos, mas isso foi em grande parte pela tragédia de Eduardo Campo, cujo falecimento foi utilizado e reutilizado incessantemente como massa de manobra (veja a declaração de Aécio após o final da apuração em 05/10/2014); a partir do momento em que se aliou ao PSDB para o segundo turno, Marina teve todo o “projeto político de uma vida”, como ela mesma gosta de colocar, descaracterizado e absorvido pela oligarquia psdbista (além do retorno da pobre alma penada de Chico Mendes do Além apenas para assombrá-la pelo resto de seus dias); se ela se aliasse ao PT, soaria excessivamente falso depois de uma campanha de troca de farpas (além dela ter que se explicar com Lula); se ela ficasse em cima do muro, como fez na eleição passada, atestaria em definitivo que sua atuação e presença no cenário político nacional é indiferente.

Em suma, Marina está em uma situação na qual qualquer escolha resulta em problemas para sua carreira política. Típico caso de político que não sabe fazer política.



Foi um prazer, Marina!

Até algum dia!



DILMA & AÉCIO



Para terminar esses diletantismos em política, vou contar uma historinha (bem pior do que as Historinhas do Aecinho que a gente encontra no site da Dilma). Uma historinha real, já que aconteceu comigo.



Em março de 1999 eu comecei meu curso de Letras na UNESP – Araraquara. Mário Covas (PSDB) era então governador do estado de São Paulo e aquele era também o primeiro ano do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) na presidência da república.



Durante 4 dos 5 anos em que fui aluno universitário, os 4 anos que coincidiram com o governo FHC na presidência e Mário Covas/Geraldo Alckmin no governo do estado, eu tive que trabalhar durante o dia para poder estudar à noite. O curso, apesar da inegável qualidade, não oferecia absolutamente nada além das aulas e de sua estrutura acadêmica: a universidade era de fato elitista, praticamente não se via negros ou indígenas no campus, não havia nenhum tipo de oportunidade para nada (a possibilidade de fazer parte da graduação no exterior, com bolsa do governo, não existia; PROUNI não existia; ajudas de custo com alimentação e moradia não existiam; políticas de permanência na universidade não existiam; bolsas de Iniciação Científica eram restritíssimas, e seus pagamentos eram sempre feitos em atraso; FAPESP era algo mitológico e inacessível).



Que fique muito claro: não é que as oportunidades existiam mais ou menos ou existiam e não funcionavam. Elas simplesmente NÃO EXISTIAM, e não existiam não por causa da má vontade ou indolência de reitores, diretores de campus, coordenadores de curso, chefes de departamento ou professores, mas por que qualquer proposta de abertura de oportunidades era imediatamente tomada como reacionária, assistencialista e contra os preceitos dos governos do país e do estado.



Só estudava em universidade pública quem tinha plenas condições de arcar com seus custos, e pessoas pobres, da classe trabalhadora, como eu e minha família, ou não tinham a menor possibilidade de acesso à tal instituição, ou tinham que trabalhar arduamente durante o dia e fazer um esforço hercúleo para estudar à noite (notem que eu estou falando do final do século XX, não de suas primeiras décadas).



Lembro-me, como se fosse hoje, levantar às 6h da manhã; entrar para trabalhar em uma fábrica às 7h; sair do trabalho às 17h; não ter tempo de ir para casa para tomar um banho ou comer, pois o ônibus para a universidade saía às 18h do centro da cidade (eu tinha que caminhar da fábrica onde trabalhava até o centro da cidade); entrar na aula às 19h; sair da aula às 23h e finalmente chegar em casa à meia-noite e meia e ir tomar banho, comer alguma coisa, estudar etc., para só então ir dormir e, no dia seguinte, começar tudo de novo às 6h da manhã.

Essa foi minha rotina diária por 4 anos, enquanto meu pai se matava de trabalhar em subempregos para poder conseguir pôr comida na mesa de casa, onde ele tinha 4 bocas, além da sua própria, para alimentar.



Dramático? Essa é só uma história dentre muitas semelhantes que eu ouvia de meus colegas de turma, e está longe de ser a pior delas.

Brasileiro não desiste nunca? Não. Pessoas em busca de melhores condições de vida não desistem nunca.

Lamentável coincidência? NÃO EXISTEM COINCIDÊNCIAS.



Sim, é isso mesmo, simples assim. Eu tive que vivenciar isso e abrir meus próprios caminhos por que o governo do PSDB não oferecia qualquer oportunidade, em qualquer nível, em qualquer lugar, para que fosse diferente. Não, pelo menos, para aquilo que eu buscava: um trabalho decente e uma vida melhor. Mérito meu? Com certeza é mérito meu mesmo, e só meu; me orgulho muito disso e é por causa disso que sou um partidário ferrenho da meritocracia. Mas, poderia ter sido diferente se houvesse algum tipo de oportunidade (e a oportunidade caminha junto com a meritocracia), por mínima que fosse, que pudesse ter tornado os meus méritos menos sofridos e menos física e emocionalmente desgastantes. Eu poderia ter estudado mais, me dedicado mais, conhecido mais, descansado mais, me preparado mais se os governos do país e do estado tivessem alguma política de acesso, alguma política social, alguma política de incentivo que fosse.



Hoje, meus alunos na universidade lutam, por exemplo, por melhorias nas políticas de permanência estudantil. Ou seja, essas políticas, pelo menos, já existem.

Eu tive que me virar numa época em que a mera menção à “políticas de permanência estudantil” era tratada como caso de polícia e reprimida pelos rigores da lei, pois é assim que o PSDB administra as coisas: para e elite, e por meio da violência e da repressão. Não existe diálogo com o PSDB, e não preciso lembrar ninguém sobre como foram tratados os professores, funcionários e alunos das 3 universidades públicas do estado de São Paulo, entre maio e setembro deste ano, quando aqueles buscavam melhorias de salário e de condições de trabalho e foram considerados, pela gestão Alckimin, como problemas de segurança pública. Tropa de Choque neles!



O ano de 2003 foi meu último ano na universidade e, “coincidentemente” (eu não acredito em coincidências em absoluto...), o primeiro ano do governo Lula (PT). Ainda que Lula tenha herdado o país falido depois de 8 anos de PSDB, já nesse primeiro ano as coisas começaram a indiciar alguma melhora na minha vida e na vida de minha família, pois meu pai conseguiu um emprego melhor e pôde, por exemplo, comprar um carro (usado).



Em 2004 consegui dar um passo importante na minha carreira, que foi entrar no mestrado. Também consegui um emprego melhor, tendo surgido, por “sorte”, a oportunidade de iniciar minha carreira no ensino público, o que significou muito para mim: retribuir os anos em que fui aluno no sistema de ensino público (e toda a minha formação, do jardim da infância ao doutorado, vem única e exclusivamente da escola pública) e, principalmente, poder me libertar da ditadura segregadora, embrutecedora e emburrecedora que é o trabalho na iniciativa privada, principalmente em indústrias de produção de bens de consumo (as preferidas e favorecidas pelo PSDB), o que, acreditava eu (e o tempo me fez ver que eu estava certo), seria a catapulta para uma melhoria efetiva de vida.



O tempo passou. Sob os ventos transformadores do governo Lula, eu concluí meu mestrado no início de 2006 e, ao final desse mesmo ano, prestei os exames para o doutorado. Passei e, em 2007, iniciei essa jornada. Já nessa época, CNPq e CAPES, os principais órgãos federais de fomento à pesquisa universitária no país, haviam sido saneados e funcionavam como tinham que funcionar. Foi por causa desse saneamento promovido pelo governo Lula que, entre 2009 e 2010, eu pude ficar um ano fazendo minhas pesquisas de doutorado nos Estados Unidos inteiramente custeado pelo governo federal em seu programa de bolsas para doutorado-sanduíche (pouco tempo depois, já no governo Dilma, o programa Ciência sem Fronteiras seria criado, facilitando ainda mais esse acesso). Desnecessário dizer que, se o governo federal estivesse entregue à aristocracia tucana, tal oportunidade jamais teria sido possível, já que, no pensamento psdbista, que é exatamente o mesmo pensamento da iniciativa privada, educação é custo, não investimento, logo, deve ser cortada.



Defendi meu doutorado no início de 2011, nos primeiros meses do governo Dilma. Ao final daquele mesmo ano, prestei concurso na universidade pública em que sempre estudei e, desde 2012, sou professor do ensino superior, ainda que sob a ditadura PSDB que rege o estado de São Paulo desde 1995.

Certamente, não fosse o saneamento e a abertura de oportunidades (obviamente unidas aos meus próprios méritos) promovidos pelo governo PT, eu não teria chegado onde estou e nem melhorado minhas condições de vida.



Portanto, diante da minha própria experiência de vida, Aécio Neves não tem autoridade, competência ou know-how alguns para falar qualquer coisa sobre os assuntos que realmente interessam para o desenvolvimento do Brasil, quais sejam Educação, Políticas Públicas e Economia.

O país do futuro que ele tanto prega, mas que em nenhum momento define, é uma falácia, pois o governo PT possibilitou e possibilita o acesso ao futuro hoje, aqui, agora, a quem nunca teve qualquer oportunidade de futuro: os filhos dos trabalhadores e os próprios trabalhadores. Hoje, por causa do governo PT, meus alunos podem lutar por melhores condições de permanência estudantil porque EXISTE uma permanência estudantil que pode ser melhorada. Hoje eu posso fazer meu pós-doutorado na Inglaterra porque as políticas de fomento à pesquisa do governo PT abriram à pessoas como eu, filho de trabalhadores do campo, semi-analfabetos, que nunca tiveram condições de dar uma vida de confortos a seus filhos, esta possibilidade antes simplesmente inexistente.



Só espero que o povo brasileiro, que tem memória fraca, não ignore todas as melhorias que o governo PT lhe trouxe e, neste segundo turno, faça justiça a si mesmo.

Senão, eu vou exigir minha Bolsa Cashmere, já que no último dia 23/10/2014 a Avenida Faria Lima (avenida muito apropriada, por sinal), em São Paulo, presenciou um espetáculo ridículo, deplorável e risível, chamado pela revista britânica The Economist de Revolução de Cashmere.



Eis os links da notícia da Revolução de Cashmere: