quinta-feira, 31 de maio de 2018

SETE ANOS DEPOIS...


Em 31 de maio de 2011, por volta de uma da tarde, uma banca composta por cinco pessoas outorgou-me, depois de um belo e acalorado debate, o título de doutor em Estudos Literários.
No dia seguinte, postei aqui uma versão ficcionalizada dessa conversa muito franca, que se encontra no link "E ele virou doutor...".

Desde então, sete anos se passaram.

As memórias que restaram daquele dia, hoje relembradas com muito amor e carinho, me dizem que eu estava bem; que me sentia bem, tranquilo, confiante até.
Estava muito feliz com a pesquisa que realizara e com o resultado obtido, então expresso em um “catatauzinho” de 400 páginas.
Estava muito feliz também porque me rodeavam e me assistiam pessoas muito amadas: meus pais, irmãos e cunhada; minha prima Isabel (a primeira doutora da família); meu então querido chefe (e isso não é uma ironia), o professor Lito, hoje falecido, junto de sua secretária Cassiana; Cairo, meu primeiro e hoje ex-namorado; três ex-alunos muito queridos — Stéfano, Vívien e Diógenes —, um que viria a se tornar, mais tarde, meu primeiro orientando de doutorado (Stéfano), um que se tornou uma amiga querida (Vívien) e um que continua tendo um futuro brilhante pela frente (Diógenes); e mais uma ou duas pessoas que, infelizmente, minha memória não permite lembrar.

Era um dia claro e frio de maio — o mês das flores, o mês das mães.
Na tradição do Cristianismo católico, é o dia em que ocorre uma festa folclórica, cujas origens se perderam nas ondas do Tempo: a Coroação de Nossa Senhora. Nesse dia, se celebra a graça, a glória e o poder da Mãe do Deus Cristão com orações especiais, cânticos místicos e pétalas de rosa vermelha.
Minha memória ainda retém algumas das antigas orações e cânticos à Nossa Senhora, da época em que o Cristianismo católico ainda era parte da minha vida. 
Há uma oração que diz:

Rosa mística 
Torre de Davi 
Torre de marfim 
Casa de ouro 
Arca da Aliança 
Porta do céu 
Estrela da manhã 
Saúde dos enfermos 
Refúgio dos pecadores 
Consoladora dos aflitos


Há um cântico, o mais belo de que me recordo, que entoa: 

No campanário do Céu se ouviu
O badalar de mil sinos
E sob o céu, sob o mar surgiu
O mais belo cenário divino:
Uma mulher reluzente vem
Tendo na fronte as estrelas.
A grande lua seus pés mantém,
Toda Terra se exalta ao vê-la.


Na tradição pagã, está-se ainda sob os auspícios do alegre festival de Beltane, a festa da luz, da fertilidade, das flores, das danças e das comidas fartas em torno da fogueira. Beltane, no Brasil, recebe outro nome — Festa Junina —, e 31 de maio é a véspera do seu início.
Nas religiões brasileiras de matriz africana, maio é o mês regido por Oxum, um dos dezesseis deuses yorubás — os orixás — que migraram para o país, cruzando o Atlântico no navio negreiro, para acompanhar e acalentar seus filhos escravizados pelos europeus.
Oxum é a deusa do amor e das águas doces, da beleza e da prosperidade, da fertilidade e dos mistérios das águas e da lua. É uma das seis Grandes Mães — as iabá — dos yorubás.

Minha memória ainda me aponta que o dia 31 de maio de 2011 caiu em uma terça-feira — sim... é isso mesmo, me diz o grande oráculo Google... —, o Dia de Tyr para os nórdicos e germânicos, o Dia de Marte/Ares para os latinos e gregos, o dia de Ogum para os yorubás. Tyr, Marte, Ares e Ogum são deuses da guerra sangrenta, do banho de sangue no campo de batalha.
Banhar-se em sangue, nas culturas nórdica e yorubá, equivale a banhar-se na Fonte da Vida, a adquirir a imortalidade do espírito. Algo semelhante ao banhar-se no rio Estige na cultura grega.
Terça-feira é um excelente dia para travar uma batalha, como a defesa de uma tese de doutorado, por exemplo. 😈
Na Astrologia, meu signo solar é Escorpião. Um dos regentes místicos de Escorpião é o planeta Marte — o outro é Plutão. Quando olhamos a constelação de Escorpião no céu noturno, principalmente durante os meses de maio e junho, os meses de inverno no hemisfério sul, em que o céu está límpido e claro como uma lâmina de gelo, vemos uma estrela vermelha brilhar com grande intensidade no lugar que equivale ao “coração” da constelação. Essa estrela, a Alpha Scorpii nos manuais de Astronomia, é há milênios conhecida pelo nome Antares, a Ante-Ares, oposta a Ares, pois é facilmente confundida com o Planeta Vermelho — Marte (nome latino), ou Ares (nome grego).

O signo de Escorpião, segundo a interpretação do artista Damon Hellandbrand.
É a interpretação imagética do meu signo com que mais me identifico.

Uma foto telescópica da estrela Antares (a bola grande de luz vermelha, à esquerda na imagem).
Ela tem 800 vezes o tamanho do Sol que, perto dela, não passa de um grão de areia perdido no espaço.

Por mais que eu possa parecer pretensioso ao invocar essas referências religiosas, míticas e lendárias em torno do dia em que me tornei doutor em Estudos Literários, elas não são e nem foram, de modo algum, propositais.
Há sete anos atrás, eu só conhecia uma pequena parte dessas alusões e, mesmo assim, não as tinha conectado como acabo de fazer. Além disso, não fui eu quem escolheu o dia 31 de maio para realizar a seção de defesa de tese que resultou na outorga do título, mas meu então orientador.
Conhecendo meu hoje ex-orientador como conheço, ele não pensou em questões religiosas, mitos e lendas para fazer a escolha. Prático como bom aquariano que é, certamente o dia 31 de maio de 2011 foi o dia em que todos os membros da banca tinham disponível para realizar a avaliação. Objetivo e simples assim.

E foi uma banca de mulheres para avaliar um trabalho sobre os escritos de uma mulher; uma banca ocorrida em um dia da semana dedicado aos deuses homens e bélicos. O feminino e o masculino estavam em questão naquele dia.

Quatro mulheres, todas há muito doutoras já naquele tempo, compuseram a minha banca de defesa de doutorado — Rita Therezinha Schmidt (UFRGS), Maria Conceição Monteiro (UERJ), Ana Maria Domingues de Oliveira (UNESP – Assis) e Maria Clara Bonetti Paro (UNESP – Araraquara) —, as quatro invocadas por meu ex-orientador para avaliar o trabalho que intitulei “Segredos do Sótão: Feminismo e Escritura na Obra de Kate Chopin”, o qual versa sobre feminismo, feminino e processos de significação em três contos da escritora norte-americana Kate Chopin (1850-1904).

Em uma perspectiva existencialista — que, aqueles que me conhecem bem sabem, desprezo, mesmo tendo plena consciência de que meu velho e querido Freud diria que somos definidos por aquilo que desprezamos e de que, um dia, meu amado ex-orientador me disse, com todas as letras, que “Você é um existencialista” (ênfase/grifo dele) —, não passou de uma feliz coincidência a defesa de um trabalho acadêmico sobre a vida e a obra de uma mulher, no mês dedicado ao feminino em várias culturas, mitologias e religiões, e no dia em que se faz o ritual de coroação de uma santa católica.
Também não passou de coincidência, ou melhor, de sábia decisão do orientador, que o trabalho tenha sido avaliado por quatro mulheres — o mesmo número das principais divindades envolvidas nos Mistérios de Elêusis (Deméter, Perséfone, Atena e Afrodite), o mesmo número das estações do ano —, todas feministas.
Mera coincidência ainda é o que está escrito na folha quatro do trabalho, na primeira dedicatória do texto, onde se lê: “À Senhora do Céu e da Terra, portadora de muitos nomes: Afrodite, Ísis, Maria e, dentre eles, o nome que me foi dado” (ROSSI, 2011, f.4).

Em uma perspectiva espiritualista — que prefiro e sigo como resposta ao desprezível existencialismo dentro e fora de mim —, não houve coincidência alguma, pois não existem coincidências. Houve apenas providência, uma conjunção de elementos místicos, míticos, lendários, religiosos, materiais e físicos em uma dada efeméride, cujo intuito é marcar, de modo indelével e inesquecível, um ponto específico na linha da vida de um ser humano. Esse ponto é predeterminado antes desse ser humano (re)nascer, e envolve uma quantidade incalculável de forças, fatores, variáveis e a atuação ou não de seres desta e de outras dimensões do Cosmos. Apesar da predeterminação, é ao livre-arbítrio desse ser humano — e talvez esteja aqui meu existencialismo negado — que cabe as decisões, as escolhas, que levarão ou não à concretização da providência, sua manifestação como fato no tecido da realidade empírica. Por certo, há consequências ontológicas e espirituais tanto para a concretização, quanto para a não concretização da providência, e o livre-arbítrio dispensa o conhecimento prévio sobre a predeterminação e/ou sobre a conjunção para o ato da decisão/escolha, pois tal conhecimento permanece mistério mesmo quando há consciência do que o compõe.
Sim... soei heideggeriano agora; não consigo soar diferente... ouço o espírito de Freud aqui, ao meu lado, sussurrando ao meu ouvido... e a imagem do meu ex-orientador, em minha mente, num grande sorriso, sussurrando junto do Médico de Viena, mesmo não sendo ainda um espírito, mas uma presença... vislumbro o olhar profundo e enigmático de Jacques Derrida, meu bisavô acadêmico, que sussurrava já em vida, muito antes de sussurrar como espírito... E todos os três, o vivo e os dois mortos, em uníssono, sibilam, murmuram, segredam, sopram em meu ouvido... “Existencialista!”.

Independentemente se existencialista ou espiritualista ou um sincretismo de ambos, era para ser assim. O porquê, eu só sei em parte; a chave de sua explicação é ainda mistério.
O meu doutoramento tinha que ser envolvido pelo manto místico, mítico e material do Feminino. O Sagrado Peplo de Diana tinha que me cobrir para que, só então, depois de quatro anos de duras batalhas, eu descobrisse quem sou, para onde vou e de onde vim.

Meu doutorado foi um ritual iniciático em forma de jornada, regido pelo número quatro — a encruzilhada para onde confluem e de onde refluem os quatro pontos cardeais, os quatro ventos, as quatro estações e os quatro elementos; o lugar da tormenta; onde mora Drácula; onde enforcados e suicidas são enterrados; o número sagrado do orixá Exu, o Primeiro de Todos, assim como Odin é o Pai de Todos, encontrado na encruzilhada, senhor dos enforcados, também detentor dos mistérios do número quatro; onde habitam os exus e pomba-giras da Umbanda; o número sagrado dos yorubás (quatro nações, dezesseis orixás, sessenta e quatro designações, duzentos e cinquenta e seis odus, mil e vinte e quatro direções, quatro mil e noventa e seis quedas possíveis de Ifá).
A sessão de defesa realizada há exatos sete anos foi a conclusão dessa perigosa jornada iniciática.
Foi o primeiro renascimento das cinzas de uma vida cuja busca foi, é e continua sendo, sem falsa modéstia, o tornar-se fênix.

A fênix é um dos arquétipos do signo de Escorpião.
Diz a lenda que ela morava na cidade egípcia de Heliópolis.
Em grego, “Heliópolis” significa, literalmente, “Cidade do Sol”, onde o Sol reside, sua morada, a Morada do Sol.
Em 06 de março de 2012, menos de um ano depois de ter me tornado doutor, eu assumi oficialmente, depois de enfrentar mais uma banca, mais um desafio de morte, mais uma encruzilhada (mas essa foi de três caminhos, e é história para uma outra oportunidade), o cargo de professor na Faculdade de Ciências e Letras da UNESP em Araraquara.
Araraquara é conhecida, no estado de São Paulo, como a Morada do Sol, pois a cidade está alinhada com o sol nascente e com o sol poente. Seu lema como município se adequa perfeitamente à ideia da fênix no imaginário humano: “Altior altissimo semper”, “Sempre mais alto”.

Apesar da forte simbologia, não consigo residir em Araraquara.
Seu alinhamento leste-oeste a torna uma cidade muito quente e muito clara — não há inverno em Araraquara, costumo dizer —, e eu gosto do frio e da sombra.
Moro na cidade ao lado, alinhada ao eixo norte-sul e numa posição geográfica que a torna uma das mais altas do estado em relação ao nível do mar, o que a faz extremamente fria no inverno e permanentemente fresca no verão.
São Carlos é o nome dessa cidade, e ela faz aniversário no dia do santo que a nomeia, quatro de novembro.
São Carlos é uma cidade nascida e regida pelo signo de Escorpião e, claro, pelo número quatro.
Araraquara, como não poderia deixar de ser, nascida em 22 de agosto, é uma cidade regida pelo signo de Leão, que tem o Sol como planeta-guia no contexto astrológico. Ainda assim, também é regida pelo número quatro (22 > 2+2=4).
É muito interessante viajar de São Carlos para Araraquara no crepúsculo. Quando se olha à frente, o sol araraquarense está radiante, mesmo ao se por, e quando se olha para trás, pelo retrovisor do carro, vê-se as Trevas da noite, o Manto de Morfeu, erguendo-se, quase ameaçador, no horizonte são-carlense.
É como se, ao viajar de São Carlos para Araraquara, eu levasse as Trevas para a Morada do Sol; e quando volto de Araraquara para São Carlos, trago a luz para a Morada das Trevas.
Em termos simbólicos, é exatamente isso que me tornei e faço depois de concluir o rito de passagem que foi o doutorado: pesquiso as manifestações do gótico na literatura, a ocorrência das Trevas e do medo na ficção.
Lidar com Luz e Trevas é o meu dia-a-dia.
Fazer a Morada do Sol e a Morada das Trevas transitarem entre si é minha profissão.
E elas produzem significação infinita nesse movimento, apesar das várias serpentes que tentam, de todas as formas, conter o trânsito.

Mas nada disso teria sido possível sem as bênçãos do Sagrado Peplo de Diana, sem a longa incursão e o profundo mergulho que fiz no feminino dentro e fora de mim.
Ao longo dos quatro anos de doutorado, que culminaram com o acontecimento ocorrido em minha vida em 31 de maio de 2011, guiado pela pena de Kate Chopin, pelas teorias feministas, pela Desconstrução derridiana e por um orientador que me deu a liberdade, a segurança e a confiança que eu precisava, nada deixando a desejar ao seu equivalente nos mundos da ficção, o Espírito de Jaga, eu descobri quem e o que, de fato, sou; como lidar comigo e com os outros; o que me convém e o que não me convém; a cura para feridas que estavam abertas há vinte anos; meus potenciais, fraquezas, limites e ilusões; descobri que posso e que sei; que presente, passado e futuro são um continuum; que há muitas dimensões, sobrepostas e/ou separadas, no Cosmos; que o Universo é apenas um em meio ao Multiverso, e que significa bem pouco nesse contexto; que nem tudo que vai, volta, e que nem tudo que volta um dia foi; que a Esperança é o que move todas as coisas, e a Inveja é o que tenta conter esse movimento; que Bem e Mal são apenas uma questão de perspectiva; que cada obra de ficção é um Portal para o Infinito e que cada um daqueles que se colocam o desafio de pensar a ficção tem o potencial de se tornar um planinauta, um viajante das dimensões do Multiverso, mas a esmagadora maioria dos que compõem esse grupo nem sequer chega a perceber que detém tal potencial, já que passa a vida tentando, inutilmente, colocar a ficção em caixinhas prontas e confortáveis, até que chega a hora em que a ficção, força independente que é, lhes fecha as portas e suas vidas sem sentido perdem, pela segunda vez, a razão de ser. “Há coisas piores do que a morte”, diz uma conhecida personagem de ficção. A ficção fechar-se para você e fazê-lo morrer uma segunda vez, como um zumbi ou um vampiro, é uma dessas coisas. Infelizmente, é o que mais vejo ocorrer ao meu redor, na prática da minha profissão de professor e pensador da ficção.

O Espírito de Jaga ensina o chefe dos ThunderCats sobre o Direito à Vida.
Agora, no lugar do rosto de Jaga, vocês coloquem a pessoa da foto abaixo e terão uma noção de quem e como é meu ex-orientador.

Alcides, meu ex-orientador (de acordo com o que ele mesmo postou no Facebook).

Isso tudo graças às águas do feminino — a Água é o elemento, o símbolo e o arcano principal do feminino; o Sagrado Peplo de Diana é feito de Água —, águas que me banharam por dentro e por fora, águas que estão em mim — Escorpião é um signo de Água, Yemanjá é minha mãe de cabeça no Candomblé, meu nome (Aparecido) é um dos nomes da Mãe do Deus (Nossa Senhora Aparecida) — e que, hoje, me rodeiam, pois, por mais que a figura da teia (de aranha, dos fios de um tecido, de histórias narradas no silêncio, à noite, ao pé do fogo), outro arcano do feminino, tenha sido uma força presente e constante ao longo de toda a minha jornada de doutoramento, foi o oceano que escolhi como minha morada — minha família, meus amigos, meu namorado, minhas pesquisas sobre as Trevas — e nele lancei as teias que as mulheres da minha vida me ensinaram a tecer — Kate Chopin; Virginia Woolf; minha mãe Iracema; minha irmã Daiane; minha avó Josefina; todas as minhas tias e ex-professoras; todas as minhas amigas; minha ex-coorientadora, Nadilza Moreira; Sandra Gilbert e Susan Gubar; Elaine Showalter; todas as deusas gregas e nórdicas; todas as iabá das religiões e mitos africanos; a Deusa celta; Madonna, Lady Gaga e Britney Spears; Camille Paglia e Safo; Ariadne, Aracnê e a grande Penélope; Lilith, Belkiss, Circe e Medéia; a Rainha das Sete Almas e as Iá Mi Oxorongá; as Bruxas de Macbeth; a própria Bruxaria.
Hoje, essas teias são as redes com que pesco.

E já fazem sete anos!...

Número cabalístico.
O número perfeito da Bruxaria.
O número da sorte e dos sortilégios.
O número das forças ascensas da Luz e das Trevas.
O número do equilíbrio (o signo de Libra, sétimo signo do Zodíaco) que leva à transcendência (o signo de Escorpião, o oitavo signo, o que ocupa a oitava casa mística, a Casa da Alma).
O número do Arcano do Carro no Tarô, o arcano que nos ensina a tomar as rédeas da Vida, mas também o arcano que nos lembra o Carro do Sol, guiado por Apolo.
O número de Obaluaiê na ordem do xirê tradicional no Candomblé do Brasil. Obaluaiê é o Senhor da Cura e o Senhor das Doenças. Como o veneno da serpente na mística europeia, ele pode curar e matar. Ele é quem dosa o phármakon.
O número do perdão — setenta vezes sete.
O número das maravilhas, das bem-aventuranças e dos pecados capitais.

Encontrei a paz e a felicidade nesses sete anos, e isso é o que importa; isso é o que basta.
Só o Destino é capaz de dizer o que mais encontrarei — ou não — nos próximos sete anos. O que quer que seja — ou não seja —, eu aceitarei de bom grado.

Obrigado a todas/os as/os responsáveis por eu ter chegado até aqui, vivas/os, mortas/os ou que nunca encarnaram.