domingo, 8 de julho de 2012

GAGA HEIGHTS

No primeiro semestre do ano passado eu estava ainda às voltas com preocupações referentes à conclusão da escrita da minha tese e do meu doutorado. Como se não bastasse, eu também estava com aulas de Literatura Inglesa para ministrar na UNESP - Araraquara e na UNICASTELO - Descalvado. Por conta de tantas preocupações causadas por uma pós-graduação e dois empregos, minha mente estava muito atribulada para sentar e preparar uma aula decentemente como hoje tenho tempo de fazer.

É nesses momentos de adversidades que entra o "jogo de cintura", também conhecido como "improviso", por parte do professor. Como eu mesmo ensino para os meus alunos, se você não sabe lidar com o inesperado e não sabe improvisar você não serve para ser professor, pois aquela aulinha quadradinha e bonitinha previamente preparada nunca será dada: aula preparada em plano de aula NUNCA vai sair do papel simplesmente por que não existe como planejar uma aula. Uma aula só poderia de fato ser planejada se fosse possível saber previamente o que vai acontecer na situação de ensino e como estão os alunos em termos emocionais. Como quem consegue fazer isso são apenas seres que têm o poder de prever o futuro, portadores da Espada Justiceira que sabem usar a Visão Além do Alcance, a professora Sibila Trelawney, Usutu e Isaac Mendez (de Heroes), deuses, magos, planinautas etc., você já notou que nem eu, nem você e nem ninguém vai conseguir planejar uma aula. Além disso, como eu também sempre digo para os meus alunos e para os meus amigos pedagogos: Didática é para os fracos. Ou você nasce com o Dom de ser didático, ou você pode desistir de sê-lo, pois Didática não se ensina e nem se aprende (sorry, teóricos da Pedagogia, mas vocês estão, mais uma vez, se enganando, enganando e sendo enganados neste ponto...). Didática é um fenômeno de interação absolutamente imprevisível, vago, momentâneo e evanescente que só funcionada em dado momento, em dada situação e com dados indivíduos, tendo que ser permanentemente renovado, remodelado e adaptado. Por isso, meu filho e minha filha, Didática é algo que a gente já nasce sabendo.

Mas porque eu estou dizendo tudo isso pra vocês, que a estas alturas já estão achando que eu vou encher linguiça? Por que hoje eu vou fazer algo prosaico: vou contar a história de um dos meus improvisos como professor.
Não se trata de qualquer improviso, nem de uma cena engraçada, nem de alguma cretinice, que é com que normalmente os improvisos se parecem. Trata-se de um improviso tão inusitado e que acabou fazendo tanto sentido que me deixou assombrado e em dúvida se se tratou mesmo de um improviso ou se foi um ato de interpretação até certo ponto inconsciente diante de duas coisas aparentemente incoerentes. Fato é, no entanto, que a articulação da ideia deste improviso me levou, e ainda me leva, a considerar a possibilidade de pesquisar academicamente a relação entre as duas coisas nele envolvidas.

Chega de mistérios e rodeios e vamos ao que interessa.

No primeiro semestre de 2011, assim como neste primeiro semestre de 2012, estava sob minha responsabilidade uma disciplina de Literatura Inglesa em que se estuda o romance do século XIX. O romance que eu escolhi para analisar com os alunos foi, é claro, O Morro dos Ventos Uivantes [Wuthering Heights, 1847], de Emily Brontë, o mesmo que foi analisado neste ano.
A primeira questão que me coloquei foi: como abordar este romance com os alunos?
Trata-se de uma obra tão rica, tão complexa, tão cheia de possibilidades, que fica difícil pensar em algo que, ao mesmo tempo, não seja tão introdutório e nem tão avançado para um aluno de graduação que já viveu metade de sua vida no século XXI, um século que trocou a profundidade pela superficialidade. O Morro dos Ventos Uivantes não permite uma abordagem superficial: o próprio texto, da forma com que foi escrito, resiste a isso; mas também um mergulho muito profundo em seus meandros, como os que costumo fazer em minhas leituras acadêmicas, pode ser algo traumático e indigerível a um graduando que não tenha as experiências corretas de leitura (e este é o caso da maioria esmagadora deles).
Foi diante destas questões que eu me fiz uma pergunta crítica: Cido, porque você foi escolher um texto tão perigoso? Ao que meu lado aventureiro e investigador, uma mistura de Indiana Jones com Mestre Yoda, respondeu que a escolha estava certa, visto que se trata de uma obra que pode mudar vidas.
Como abordá-la, então? Era a pergunta que me incomodava. Possibilidades foram surgindo e sendo descartadas na minha mente:

a) uma leitura pós-estruturalista.
OK. Perfeito. É, certamente, a abordagem teórica mais adequada, mas os Departamentos de Literatura de todas as universidades do estado de São Paulo são muito conservadores e não deixam chegar aos alunos os conhecimentos necessários para eles minimamente entenderem uma leitura pós-estruturalista de uma obra literária. Dificilmente um aluno de graduação de terceiro ou quarto ano leu Freud, Marx, Barthes, Foucault, as Feministas e/ou os Desconstrucionistas. Possibilidade descartada até segunda ordem.

b) uma leitura comparatista.
Incrível! Ideia maravilhosa! Há toda uma tradição de escritores e escritoras que foram influenciados por O Morro dos Ventos Uivantes como Kate Chopin, Virginia Woolf, Edith Wharton, Charles Dickens, Henry James etc. Mas que aluno de graduação leu esses caras? Para piorar, eis que eu descubro que os protagonistas da asquerosa série Crepúsculo estão lendo e tentando transportar para suas vidas a história de Catherine e Heathcliff!!! E esta descoberta deu-se da pior e mais traumática maneira possível: primeiro, fui à livraria e me deparei, na entrada, com uma pilha de edições da obra-prima de Emily Brontë cuja capa dizia em letras garrafais "a obra que deu origem à série Crepúsculo". Desnecessário dizer que quase tive um troço diante de uma barbaridade dessas. Fiquei ali diante da pilha de exemplares, paralisado por vários minutos, em estado de absoluto horror ante aquelas palavras abomináveis. Como se não bastasse, no primeiro dia de aula de 2011, quando anunciei que iríamos estudar O Morro dos Ventos Uivantes, uma aluna vira para mim, em estado de êxtase epifânico, na frente de toda a sala e diz que estava muito feliz e ansiosa com isso porque ela estava lendo Crepúsculo e enfim poderia conhecer melhor a obra sobre a qual Edward e Bella tanto falavam. Foi o absurdo, o surreal da situação que não me permitiu colocar a infeliz da aluna para fora da minha aula para sempre. Isso não aconteceu neste ano, graças a Deus!
Como vocês podem notar, sem a menor chance de abordar o romance nesta perspectiva.

c) uma leitura estruturalista, new critic, formalista etc.
Clássicas demais. Ultrapassadas demais. Reducionistas demais. O básico do básico: o feijão com arroz da Teoria Literária. É isso que os alunos basicamente aprendem nesta disciplina nas universidades do estado de São Paulo, e falo por experiências própria, visto que foi justamente isso que aprendi em Teoria Literária: que há 3 tipos da narrador (autodiegético, homodiegético e heterodiegético), 2 tipos de personagens (planas e redondas), 3 tipos de espaço (interno, externo e psicológico), que a interpretação do texto é imanente ao texto etc. O que ninguém me ensinou, e ninguém ensina mesmo, é como articular tudo isso para extrair uma possibilidade de interpretação para um objeto artístico que é contrário a quaisquer tipos de classificações, como é o caso do texto literário.
Fora de cogitação estas abordagens. Elas reduziriam a grandeza de O Morro dos Ventos Uivantes.

d) uma leitura psicanalítica, mas não-ortodoxa.
Esta foi a única possibilidade adequada que restou. A Psicanálise é algo praticamente de domínio público, uma tradição interpretativa constituída e muito produtiva para interpretar literatura. O Morro dos Ventos Uivantes é uma aula prática de Psicanálise, logo não poderia haver abordagem melhor. Junte-se a isso alguns toques sutis e imperceptíveis de Desconstrução e temos uma abordagem rica de significados para os alunos.
Pronto! Decidido: uma leitura psicanalítica não-ortodoxa de linha freudiana e com pequenos toques imperceptíveis de Jacques Derrida para a obra máxima de Emily Brontë.

Eu comecei, então, a refletir como faria a abordagem, quais termos utilizaria, quais conceitos, quais cenas e aspectos do romance etc. Enfim, comecei a montar as aulas em minha mente e, um belo dia à noite, ouvindo música e pensando no Nada (não há nada mais maravilhoso do que pensar no Nada! É como pensar em tudo ao mesmo tempo...) enquanto dirigia de volta de Descalvado para São Carlos depois das aulas, eis que uma ideia estranha insinuou-se insidiosamente por entre as sinapses dos meus neurônios perturbados pela indecidibilidade do indecidível. Aquela ideia foi contaminando a minha mente de tal forma que ela passou de uma abstração para um evento no mundo físico, ainda que um evento sobrenatural: um sussurro de um nome (Lady Gaga), um sussurro de um título de música ("Bad Romance"), um movimento repentino com o dedo no rádio do carro para ouvir o som e prestar atenção na letra.
Em segundos o espaço diminuto e recluso do carro, cercado pela escuridão e pelo silêncio sepulcral de uma noite sem luar, estava tomado pelos acordes poderosos de "Bad Romance", de Lady Gaga, uma das músicas mais conhecidas, importantes e inovadoras desta que é o atual fenômeno do Pop, o que aconteceu de mais diferenciado na música pop dos últimos 20 anos, ainda que Madonna a tenha chamado, não sem uma pontinha de inveja, "reductive".


Eis a letra da música:

Oh-oh-oh-oh-oooh-oh-oh-oh-oooh-oh-oh-oh!
Caught in a bad romance
Oh-oh-oh-oh-oooh-oh-oh-oh-oooh-oh-oh-oh!
Caught in a bad romance

Rah-rah-ah-ah-ah-ah!
Rama-ramama-ah
GaGa-ooh-la-la!
Want your bad romance

Rah-rah-ah-ah-ah-ah!
Rama-ramama-ah
GaGa-ooh-la-la!
Want your bad romance

I want your ugly
I want your disease
I want your everything
As long as it's free
I want your love
Love, love, love I want your love

I want your drama
The touch of your hand
I want your leather-studded kiss in the sand
I want your love
Love, love, love I want your love
(Love, love, love I want your love)

You know that I want you
And you know that I need you
I want it bad, your bad romance

I want your love and
I want your revenge
You and me could write a bad romance
(Oh-oh-oh--oh-oooh!)
I want your love and
All your lover's revenge
You and me could write a bad romance

Oh-oh-oh-oh-oooh-oh-oh-oh-oooh-oh-oh-oh!
Caught in a bad romance
Oh-oh-oh-oh-oooh-oh-oh-oh-oooh-oh-oh-oh!
Caught in a bad romance

Rah-rah-ah-ah-ah-ah!
Rama-ramama-ah
GaGa-ooh-la-la!
Want your bad romance

I want your horror
I want your design
'Cause you're a criminal
As long as your mine
I want your love
(Love, love, love I want your love)

I want your psycho
Your vertigo stick
Want you in my rear window
Baby your sick
I want your love
Love, love, love
I want your love
(Love, love, love I want your love)

You know that I want you
('Cause I'm a freak bitch baby!)
And you know that I need you
I want a bad, bad romance

I want your love and
I want your revenge
You and me could write a bad romance
(Oh-oh-oh-oh-oooh!)
I want your love and
All your lover's revenge
You and me could write a bad romance

Oh-oh-oh-oh-oooh-oh-oh-oh-oooh-oh-oh-oh!
Caught in a bad romance
Oh-oh-oh-oh-oooh-oh-oh-oh-oooh-oh-oh-oh!
Caught in a bad romance

Rah-rah-ah-ah-ah-ah!
Rama-ramama-ah
GaGa-ooh-la-la!
Want your bad romance

Walk, walk fashion baby
Work it
Move that bitch c-razy

Walk, walk fashion baby
Work it
Move that bitch c-razy

Walk, walk fashion baby
Work it
Move that bitch c-razy

Walk, walk passion baby
Work it
I'm a freak bitch, baby

I want your love
And I want your revenge
I want your love
I don't wanna be friends

J'veux ton amour
Et je veux ton revanche
J'veux ton amour
I don't wanna be friends
Oh-oh-oh-oh-oooh!
I don't wanna be friends
(Caught in a bad romance)
I don't wanna be friends
Oh-oh-oh-oh-oooh!
Want your bad romance
(Caught in a bad romance)
Want your bad romance!

I want your love and
I want your revenge
You and me could write a bad romance
Oh-oh-oh-oh-oooh!
I want your love and
All your lovers' revenge
You and me could write a bad romance

Oh-oh-oh-oh-oooh-oh-oh-oh-oooh-oh-oh-oh!
Want your bad romance
(Caught in a bad romance)
Want your bad romance

Oh-oh-oh-oh-oooh-oh-oh-oh-oooh-oh-oh-oh!
Want your bad romance
(Caught in a bad romance)

Rah-rah-ah-ah-ah-ah!
Rama-ramama-ah
GaGa-ooh-la-la!
Want your bad romance

Vários pontos me chamaram a atenção nesta letra, pontos estes que parecem guardar uma forte ligação com o enredo de O Morro dos Ventos Uivantes: "caught in a bad romance" ("presa em uma história de amor do mal"), "I want your love" ("eu quero o seu amor"), "I want your drama" ("eu quero o seu drama"), "I want your revenge" ("eu quero a sua vingança"), "You and me could write a bad romance" ("você e eu poderíamos escrever uma história de amor do mal"), "I want your love and / All your lover's revenge" ("eu quero o seu amor e / toda a sua vingança de amante"), "I want your psycho" ("eu quero a sua insanidade"), "I don't wanna be friends" ("eu não quero que sejamos amigos").

O que é o enredo de O Morro dos Ventos Uivantes senão um "bad romance" ("uma história de amor ruim" ou, mais adequadamente, "uma história de amor do mal")? O que buscam as personagens principais, Catherine Earnshaw e Heathcliff, senão o amor? Essa busca é dramática, resulta em vingança, é insana tanto por parte de Catherine ao voltar como fantasma de si própria quanto por parte de Heathcliff com sua vingança. Apesar dos dois protagonistas serem, inicialmente, amigos, Heathcliff, a grande personagem satânica da obra, não quer apenas amizade mas sim casar-se com Catherine.
As relações amor/ódio e amor/vingança são elevadas a tal ponto que suas barreiras se amainam e os membros desses pares se mesclam, se interpenetram e não mais se excluem mutuamente. Emerge daí uma história de amor do mal, uma história de amor entre seres do mal que vai além da Vida e da Morte e além do próprio Bem e do próprio Mal. Sim, Catherine e Heathcliff são seres malignos consigo próprios e com os outros que os rodeiam. No entanto, nenhum de nós, leitores, consegue sentir algo de ruim por eles: as duas personagens foram vítimas inexoráveis de circunstâncias não propícias para que seu amor pudesse ser vivenciado enquanto eram habitantes deste mundo que chamamos erroneamente de real. Somente no Além, onde não há amarras ou impedimentos de quaisquer tipos, onde não há preconceitos e normas sociais espúrias, eles conseguiram se encontrar em paz e vivenciar o que sentiam um pelo outro.
Eis uma das minhas passagens preferidas da obra:

an odd thing happened to me about a month ago. I was going to the Grange one evening — a dark evening, threatening thunder — and, just at the turn of the Heights, I encountered a little boy with a sheep and two lambs before him; he was crying terribly; and I supposed the lambs were skittish, and would not be guided.
‘What is the matter, my little man?’ I asked.
‘There’s Heathcliff and a woman yonder, under t’ nab,’ he blubbered, ‘un’ I darnut pass ‘em.’
I saw nothing; but neither the sheep nor he would go on so I bid him take the road lower down. He probably raised the phantoms from thinking, as he traversed the moors alone, on the nonsense he had heard his parents and companions repeat. Yet, still, I don’t like being out in the dark now; and I don’t like being left by myself in this grim house: I cannot help it; I shall be glad when they leave it, and shift to the Grange.
(BRONTË, 2003, p. 282)

Romântico? Mexicano? Shakespeareano?
Sim, todos estes adjetivos se aplicam a O Morro dos Ventos Uivantes. Mas uma história de amor do mal, a la Gaga, é tudo isso: romântica, mexicana e shakespeareana. Pós-moderna, em outras palavras. Pop. Pois tudo que é Pop, desde que seja de qualidade, se torna clássico e permanece através dos tempos, assim como os românticos, o dramalhão mexicano, as peças de Shakespeare e a obra-prima de Emily Brontë. E sim, eu estou sugerindo que Lady Gaga tende a permanecer através dos tempos pelo simples motivo de que o que ela faz enquanto artista é bom.
Tão bom quanto Shakespeare, Cido Rossi, seu louco, desvairado?!!!
Sim, tão bom quanto o Supremo Shakespeare e a Suprema Emily Brontë. Como eu sempre digo, Shakespeare era a Lady Gaga do século XVI: ele fazia Londres vir a baixo com o poder vibrante de suas obras popularíssimas entre nobres e plebeus; e Emily Brontë foi a Lady Gaga do século XIX: ela era mais lida que o próprio Shakespeare naquela época.


* * *

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BRONTË, Emily. Wuthering Heights. Hazleton: The Pennsylvania State University, 2003.

29 comentários:

  1. Cido do céu, essa semana eu fui chamado para ir falar sobre literatura na Biblioteca Municipal de Descalvado, e CLARO, eu fiz comparações "absurdas" como é rotineiro da minha parte e claro, SEMPRE comparando música e literatura. Adivinha, eu disse para os meus ouvintes o seguinte sobre Shakespeare:
    "As obras de Shakespeare têm um pouco de todos os assuntos, haviam muitos escritores que já haviam falado sobre amor, ciúme e outras temáticas universais antes de Shakespeare, porém o brilhantismo com que ele fez isso, tornou sua obra única e muito a frente do seu tempo, assim como Lady Gaga faz com as músicas atuais, a inteligência e brilhantismo deles beira a perfeição."

    No caso da Madonna, ela faz (ou fez, que eu sei que você acha que a Madonna dos anos 80 é melhor, e eu concordo, porque a minha santíssima trindade da Madonna é Like A Prayer, True Blue e First Album) coisas geniais e atenporais, porém ela nos ultimos anos (dos anos 2000 adiante) ela não faz com que a música sobreviva ao tempo, ela faz música de momento e ELA MESMA se renova. Curiosamente estranho e inovador também!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. FANTÁSTICO LP!!!
      Que coincidência incrível!
      Não é à toa que nos demos muito bem enquanto orientador e orientando: somos os dois loucos desvairados, mas amamos coisas legais contemporâneas e clássicas.
      Temos, é claro, nossos pontos de discórdia (especialmente quanto a Britney, Madonna e Gaga), mas isso só nos faz crescer.
      AMO MUITO TUDO ISSO!!!
      Abração!

      P.S.: respondo logo ao seu e-mail.

      Excluir
  2. Deixe-me ver se entendi: você cuspiu sangue quando uma aluna associou O Morro dos Ventos Uivantes à saga Crepúsculo, mas teve um surto entorpecente ao associá-lo as uma letra de música da Lady "Caga"?

    MEOO DEOOOOOS DO CEOOOOOOOOO!!!!! Eu não sabia que água e óleo se misturavam assim tão bem! A gente ensina o caminho certo pros nossos irmãos, a gente leva o heavy metal e rock n' roll para que conheçam as épicas sonoras... e pra quê? Pra quê meu Deosss??? Pra isso! A minha pressão foi 29 por 6; meu triglicérides triplicou; eu tive um infarto, seguido de um AVC e uma parada cardio-respiratória, seguida de uma cíncupe!!!

    Eu conheço uma expressão que se adéqua muito bem a essa situação: chama-se "conversar de baixo da árvore". Bom, tá, se você tivesse parado por aí, tudo bem né, você é meu irmão e é preciso perdoar as ofensas. Só que não contente em comparar a coitada da Emile Bronte a Lady "Caga", o que em si já é um crime de lesa humanidade, você ainda envolve o coitado do Bill the bard!!!

    Sabe o que você merece por essa desonra? Ser obrigado a ouvir o Cid Moreira ler Brida pra você!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Quanto ódio e maldade nesse coração lindo, irmão amado do coração!!!
      Nossa! Ouvir o Cid Moreira ler Brida é desumano, Vanberto!!! Isso não se deseja nem para os piores inimigos. Em lágrimas de pânico aqui...

      Vamos lá, então.
      Até você, mestre conhecedor do rock e do metal, reconhece que Lady Gaga não é ruim para o tipo de música que ela faz. Ela é pop na mesma linha das divas pop (Cher, Madonna, Beyoncé, Britney Spears, Rihanna, Kate Perry etc.). Comparada à essas divas, ela é MARAVILHOSA, DIVINA, TUDO!
      Não dá para comparar Lady Gaga com o Ozzy, com o Kiss, com o Guns etc. Você sabe disso, irmão querido! São tipos de música muito diferentes, tão diferentes quanto água e óleo (desde que você esqueça totalmente que o Ozzy comia morcego no palco, aquelas maquiagens de bichinhos e os saltos-altos que o Kiss usava na turnê de Psycho Circus, bem como os shortinhos agarrados do Axl Rose... Sim, porque se você se lembrar dessas coisas até você vai dar uma colher de chá pra Gaga, que nunca chegou a esses índices periclitantes de ridículo... rsrsrsrsrsrs).

      Crepúsculo é lixo supremo. Gasto inútil de papel. Não vai se tornar nem uma nota de rodapé na história da literatura inglesa.
      Já Gaga, assim como Shakespeare e Brontë na mesma literatura inglesa, merecerá um capítulo à parte e especial na história da música pop pelas suas inovações, excentricidades e, principalmente, pela qualidade da música que faz.

      Gorlomi! kkkkkkkkkkkkkkkkk!

      Excluir
  3. Inusitado! Jamais passaria pela minha cabeça uma ideia assim. Sei que você é ousado, mas não esperava por essa comparação. Enfim, esta não é uma crítica e sim aqui vão meus comprimentos, parabéns!. Quando se dá aula a gente tem de trazer o conteúdo para próximo do aluno para que este possa compreender, assimilar mais facilmente e isto é sempre um desafio, independente da disciplina, pois, muitos são os riscos de não obter sucesso neste ato visto os tantos casos que você mesmo enumerou. Contudo, você não mencionou como sua aula se deu. Estou bastante curioso em relação a isso, aos seus procedimentos, já que eu acredito que muito deve ter sido improvisado. Não rola um relátório de aula (passo a passo) não rsrsrs?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Diógenes!!!
      Obrigado pela sua paciência em retornar por aqui e ler o que escrevo.

      Quando se dá uma aula a gente pode trazer o conteúdo para próximo do aluno, a la Paulo Freire, ou a gente pode usar outros métodos dependendo da situação: chocar, trazer algo inusitado etc.

      Para aquela aula eu usei o choque e o inusitado.
      Eu comecei passando o vídeo de "Bad Romance" para os alunos.
      As reações foram bastante interessantes: houve os que ficaram atônitos, os que não entenderam nada, os que ficaram com um imenso ponto de interrogação no rosto, os que ouviram Gaga pela primeira vez na vida, os que entenderam de cara a referência e ficaram surpresos.

      Depois de passar o vídeo, eu coloquei os trechos da música que coloquei no post e que, na minha leitura, têm algo a ver com O Morro dos Ventos Uivantes e fui explicando as inter-relações desses trechos que eu via ocorrerem com o enredo da obra, exatamente como eu fiz aqui no post.

      Foi aí que eles entenderam e o mais legal foi que, ao final da aula, surgiu uma pergunta muito interessante entre os alunos: será que Lady Gaga leu O Morro dos Ventos Uivantes e nele se inspirou para compor a letra de "Bad Romance"?

      Certamente ela leu a obra-prima de Emily Brontë, pois ela é obrigatória em qualquer escola secundária norte-americana. Mas se essa obra a inspirou na composição de "Bad Romance" é algo impossível de responder.

      A título exclusivo de especulação e assumindo todos os riscos disso, eu ouso afirmar que sim, ela se inspirou em O Morro dos Ventos Uivantes para compor a letra de "Bad Romance", e a explicação para essa inspiração se dá por uma conjunção dos fenômenos bakhtiniano da intertextualidade, derridiano da gramatologia e freudiano do inconsciente.

      Abração!

      Excluir
  4. Pois bem! Não sei porque mas passou pela minha cabeça uma comparação física de Emile/Lady Gaga, seria um mistura exótica, não é mesmo! Mas sobre a aula citada naturalmente seria uma das aulas mais interessantes e bem estruturadas que eu poderia ver, ou seja, como pedagogo vi aulas lamentáveis para um aprendizagem que traria poucos benefícios a vida de um sujeito, como por exemplo alfabetizar usando receitas ( tá de brincadeira, só pode). Concordo contigo sobre didática. Ah! e sobre Crepúsculo elabore uma aula utilizando AC/DC com a música highway to hell, rsrsr

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK!!!
      A-DO-REI seu comentário Danilo!

      Desculpe pela minha fala sobre os pedagogos. Há exceções, e você e minha cunhada são duas delas.
      Quando falo de Didática aos pedagogos como falei aqui, me refiro aos professores universitários de Didática e os pesquisadores sem noção da área.

      Quanto à sua sugestão de aula: NÃO! NÃO! E NÃO!
      Eu jamais daria uma aula sobre Crepúsculo, a não ser para detonar esse lixo com todo o meu aparato bélico-crítico-teórico. kkkkkkkk!

      Agora, "Highway to Hell" seria muito interessante para introduzir uma aula sobre a Divina Comédia, sobre o Fausto, sobre o Apocalipse bíblico. Sobre textos realmente interessantes, é claro.

      O que vocês acham disso Diógenes e Vanberto?
      kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!!!

      Excluir
    2. Interessante, mas neste caso eu acho que não seria tão simples, pois, a música "Highway to hell" fala de liberdade desenfreada (libertinagem), de alguém que desafia a tudo e a todos "Hey Satan! Paid my dues" como se tudo fosse só alegria, no entanto, no inferno a liberdade inexiste, e o que se tem é sofrimento, "Divina Comédia", e em "Fausto" tudo tem um preço (bem alto, diga-se de passagem). Sendo assim eu não vejo muito como utilizar esta música em si em nesta aula. Bom,talvez como uma introdução para começar a se falar no assunto. De qualquer forma, tanto a música quanto os livros são muito bons!

      Excluir
    3. E o que faz a personagem Dante na Divina Comédia e a personagem Fausto na peça homônima senão desafiar tudo e todos, Diógenes querido? E tanto o Comédia quanto o Fausto também falam da libertinagem.

      Para a época em que foi escrita, o autor Dante correu sérios riscos de ir pra fogueira ao cantar sua viagem pelo Inferno, sua "Highway to hell" em seu "way to the promise land (o Paraíso)", um Inferno por ele mesmo criado e onde estavam políticos importantes e membros do clero.

      E o que é o Fausto senão a busca pela liberdade desenfreada do conhecimento, bem como a história das consequências dessa busca? O que faz Mefistófeles para Fausto senão, literalmente, "pay his dues"? Mefistófeles "pays the dues" pra Fausto duas vezes: ao lhe dar o conhecimento supremo e, depois, ao ser enganado por Fausto no cumprimento do contrato.

      Percebeu, Diógenes, o que os poderes da interpretação podem fazer? Encontrar aspectos de "Highway to Hell" em Dante e em Goethe.
      Você fazer a você a pergunta que Pai Mei fez a Beatrix Kiddo depois de dar uma surra nela: você quer ter esse poder?

      MWAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH!

      Excluir
    4. Ok, eu sei disso; enxergar aquilo que nem todos podem ver, ou melhor, que não pode-se ver, mas está implícito no texto, nas entrelinhas. Usar o texto a seu favor, exatamente como você fez, certo? Contudo, isto não é tão simples assim. Quem sabe eu ainda não desperte esse poder.

      Excluir
    5. Vai despertar, meu querido Diógenes, vai despertar.
      Todos despertam, na hora certa, o Arayashiky.
      É só ler os textos certos.

      Excluir
  5. Quando eu li o email, com o titulo do seu texto, eu ri. Ainda estou rindo um pouco, na verdade, ainda mais depois que eu li o comentário do Luis Paulo. Mas não é por que uma coisa é risível que ela não pode ser verdade. Eu não sou uma grande fã de música, mas às vezes tenho sensação de que um certo texto escrito se encaixa perfeitamente em certa melodia. Sempre que ouvi Bad Romance associei a mulher/narradora a um loser, perdedor, gastador de dinheiro e aproveitador. Sabe, a tal mulher de malandro? Uma das coisas mais contemporânea que existe é rir da impossibilidade de um romance. As pessoas ficam juntas apesar de cor, diferença sexual ou social. Acho, por exemplo, Romeo e Julieta uma história de viadinhos. Isso não acontece com O Morro dos ventos uivantes. Li esse romance com uns 15 anos, e até hoje tenho arrepios quando me lembro o quanto eu me impressionei com a história e personalidade de Heathcliff (eu passei a imaginar o Heathcliff como o Hagrid =/ ). Ainda não seise a Lady Gaga realmente é alguém que chegou para ficar na música e acho sua interpretação um pouco “coisatendenciosadefã”, mas devo admitir que algumas pessoas devem ter caído da cadeira com tal interpretação. Quanto a uma música combinar com O Morro dos ventos uivantes, tenho uma favorita. Sério. I miss you, do Blink.

    Where are you and I'm so sorry
    I cannot sleep I cannot dream tonight
    I need somebody and always
    This sick strange darkness
    Comes creeping on so haunting every time
    And as I stare I counted
    The webs from all the spiders
    Catching things and eating their insides
    Like indecision to call you
    And hear your voice of treason
    Will you come home and stop this pain tonight
    Stop this pain tonight

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Cher! Tudo bem?
      Obrigado por retornar a esse espaço de absurdidades que é meu blog... kkkk!.

      Bem, é claro que a reação imediata de qualquer pessoa que leia este post é rir. Porém, garanto a você que estou falando sério aqui. Não foi nenhum tipo de brincadeira. Foi a expressão do que realmente eu acho e do que eu realmente leio tanto em "O Morro dos Ventos Uivantes" quanto em "Bad Romance".

      Ninguém ri da impossibilidade de um romance entre duas pessoas, Cher. Se há esse rir é porque ou aquele que ri quer se mostrar superior aos outros, e consequentemente esconde fragilidades por trás desse riso; ou aquele que ri endureceu completamente seu coração e se tornou, como diz Sá-Carneiro num dos meus poemas preferidos, "estátua falsa erguida ao ar".

      Sua imagem de Heathcliff é bastante estranha! Ele nada tem a ver com Hagrid. Hagrid, apesar de grande e desastrado, é bondoso, amável e um guardião. Heathcliff, ao contrário, é preciso, manipulador, maquiavélico, maligno, um destruidor. A imagem mais conveniente a Heathcliff é a de Satã, Cher. Satã em suas representações mais belas, como a do Mefistófeles goethiano e a do Lúcifer do Nelson Magrini. Ele é belíssimos, mas é o mais maligno dos seres. É isso que tanto impressiona em Heathcliff.

      "Coisatendenciosadefã"?... Bem... é o que todos nós fazemos em nossos blogs, não é? Ser fãs e ser tendenciosos. Veja aquele blog super-interessante e cheio de "coisastendenciosasdefã" que é o Literando... rsrsrsrs.
      Mas por trás das "coisastendenciosasdefã" há sempre algo de verdadeiro.

      Excluir
  6. Olha, depois da exegese do Tom Zé, explicando porque o refrão de "tô ficando atoladinha" é "metarefrão microtonal e plurisemiótico"
    http://www.youtube.com/watch?v=hubD31XaHqU

    pode-se fazer o que quiser.rs

    Não conheço misses Gaga. Entretanto, posso garantir que 90% de seus ouvintes não realizam reflexões sobre suas canções e sua "importância" para música pop, muito menos sobre Emily Brontë. É ingenuidade pensar que realizam ou que irão realizar.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. André querido!!!
      Como sempre, você parece o meu irmão: ADORA me pedir pra levar pedrada! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!
      Hoje não vou jogar Meteóros de Pégaso em você. Vou jogar umas lasquinhas de mica, OK? Algo um pouquinho cortante, mas nada que fará grandes danos. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK!

      Tom Zé, assim como toda a corja ridícula da Tropicália (sim, é isso mesmo: Caetano, Gil e companhia limitada são uma perda de tempo!), é uma droga, uma porcaria sem precedentes!
      Quase cancelei minha assinatura da Bravo! por causa da capa idiota desse mês: os delírios de Tom Zé com a estúpida Mallu Magalhães e o desconhecido Rodrigo Amarante.
      Depois você vem me perguntar por que eu não gosto de coisas brasileiras!!! Olha isso, meu Deus!!! Tom Zé!!! Que coisa BIZARRA!!! Vê se você vê ou ouve essas absurdidades nos Estados Unidos, na Europa, na Austrália. CLARO QUE NÃO!!! Porque por lá há muito tempo ninguém está em busca de identidades nacionais ou culturais. Eles já têm a deles muito bem definidas, obrigado, enquanto o Brasil está nessa busca cretina em todas as artes, inclusive na literatura e na música, desde sempre. Culturinha idiota essa brasileira!
      kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!!!

      André, meu fofo! Quanto ao seu comentário sobre Gaga, você não acha mesmo que algum artista de verdade, um artista sério, de alguma época ou de qualquer nacionalidade ou língua, dá de fato alguma importância para seus ouvintes, leitores, espectadores etc., acha? Você não acha mesmo que os artista realmente dão alguma importância para o público ou levam essa massa disforme em consideração, acha? Você não acha mesmo que as pessoas que assistiram a primeira apresentação de Hamlet no século XVII viam qualquer coisa de filosófico no texto, acha? Você não acha mesmo que Shakespeare estava querendo ser entendido em toda a sua profundidade pelo seu público, acha? Você não acha mesmo que todos os artista são pretenciosos como o Zé Padilha, o Chico Buarque, o Machado de Assis etc., acha?
      Ora, André!!! Pare de se fazer de desentendido pro meu lado! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!!!
      Você é suficientemente inteligente pra saber que o verdadeiro artista NÃO LEVA O PÚBLICO EM CONSIDERAÇÃO ou CRIA O PÚBLICO QUE QUER PARA A SUA OBRA.
      Bobinho esse menino... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!

      Excluir
  7. Na realidade pensei por um momento em levar os vampirinhos para conhecerem de verdade o terror kkkk! Mas ao invés de perturbar Dante e seu inferno com essa traquinagem sem tamanhos, melhor deixar que Van Helsing ou Blade cuide do assunto!
    Mas sobre teoria literária prefiro não opinar, pois não entendo, deixo isso com vocês que dominam a área! Porém a questão de música tanto pop, ou rock, e incluindo o heavy metal sempre há no meio a maçã podre que produz lixo pensando que são revolucionários e estragam os verdadeiros heróis, por isso devemos encarar quem o faz da melhor forma o prazer da musicalidade aos nossos ouvidos, e se nos faz bem que mal tem!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não se preocupe com os vampirinhos vegetarianos que brilham em Crepúsculo não, Danilo! Não vale a pena!
      Vão se esvair em cinzas como todos os vampiros toscos dos séculos XX e XXI.
      Até Van Helsing e Blade têm algo mais interessante pra fazer do que caçar esses vampirinhos idiotas.

      De fato, Danilo, nem tudo que parece bom é bom. Há mesmo as maçãs podres. Qualquer dia eu vou me aventurar por aqui a escrever sobre música, mesmo sabendo que vou enfrentar a ira de especialistas como Cairo Braga, Cassiano Henrique e Vanberto Rossi.

      Espero, para o seu próprio bem (rsrsrsrsrs), que você não esteja se referindo à Gaga quando fala de maçãs podres, lixo... ou vou colocar seus belíssimos olhos azuis de enfeite sobre minha mesa na universidade... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk! (brincadeira, heim meu caro!).

      Abração!

      Excluir
    2. kkkkkkkkkkkk, fique tranquilo não me referi a Gaga! Eu também gosto de música pop, como Michael Jackson, Roxette, etc.
      Quando me referi a lixo foi sobre funk, sertanejo universitário misturado com Neymar e todo esse tipo de porcaria que ultimamente tem incomodado nossos ouvidos.
      Espero que a música volte a ser uma forma de arte a nível intelectual de primeira. Fico muito trite quando vejo que uma forma tão bela de expressão que nos leva a compreender nossas emoções, se torne objeto de vulgaridade e pornografia.

      Mas adoraria ler um cometário seu sobre música, pois será de alto nível!

      Abração!

      Excluir
    3. Sim, você está coberto de razão quando se refere a funk e sertanojo universitário como lixo!!!

      Eu sinto, Danilo, que talvez não apenas a músicas, mas todas as formas de Arte, jamais voltem a ser como um dia foram.

      Estamos passando por tempos estranhos, indefinidos, sombrios, indistintos. Tempos de transição para algo ainda desconhecido, mas muito diferente conceitualmente de tudo que conhecemos.

      Vamos aguardar, ver o que acontece e tentar não perder a sanidade. rsrs

      Abração!

      Excluir
    4. Espero sinceramente que ocorra um novo Renascimento, kkkkk, que Da Vinci, Shakespeare, Bethoveen, ressurjam das cinzas, como uma fênix, rsrsrs! Se perdermos a sanidade, passo a crer na profecia dos Maias! kkkkkk, bom vai saber kkkk!

      Gostei do debate entre você e seu irmão, kkkk, muito bacana ver como vocês discutem um assunto com um nível de conhecimento expert!

      Quando crescer quero ser igual, hahahaha!

      Abração!

      Excluir
    5. Com certeza, Danilo, irá ocorrer outro Renascimento sim.
      Mas não se iluda: ele não será em nada semelhante ao Renascimento italiano ou inglês que conhecemos.

      Se Da Vinci, Shakespeare, Beethoven e outros ressurgissem das cinzas, eles certamente achariam Lady Gaga o futuro. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!

      Fique tranquilo que, antes que você perca a sanidade, o mundo já terá acabado no próximo 21/12. kkkkkkkkkkkkkkkkkk!

      Debater com meu irmão é a coisa mais deliciosa que existe. Mas não tente faze isso ainda!!! Você não está preparado. Pode ser muito traumático e assustador.
      Com o tempo você chega lá, não se preocupe.
      kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!!!

      Abração!

      Excluir
  8. kkkkkkkkkkkk
    adoro isso!
    Tenho certeza que nem você leva à sério essa sua "crítica" infundada ao Dr. Tom Zé. só faz isso pra me irritar, mas eu nem me irrito, eu rio!rs...o que eu quis dizer era outra coisa, mas deixa pra lá. Mesmo porquê sobre Gaga eu cito o velho Bukowski (pra não citar brasileiro, rs): "isso não significa nada a menos que você queira fazer isso significar alguma coisa. Diabos..."
    Beijo!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito apropriada sua citação de Bokowski!!!
      O significado é um construto de sentido feito pelos usuários de uma língua. Logo, qualquer coisa só significa quando atribuímos uma significação a ela (dã! kkkkkkkkk).

      Sim, eu levo a sério o que disse sobre Tom Zé e a Tropicália sim, meu caro. Não duvide disso.
      Não apenas levo a sério o que disse, como também assumo cada uma das palavras usadas.

      Excluir
  9. Bom, eu não estava pensando em comparações quando comentei. Aliás, parece que você se diverte em reduzir minhas opiniões artísticas aos meus gostos. De fato, eu não nego que elas passam pelos meus gostos, sim, mas elas tem muito mais das minhas experiências. Já que você levou por esse lado, o que tenho a dizer é que a Fanha é um buraco negro: até é bonito de ver, mas é perigoso e nunca se sabe o que tem do outro lado. Provavelmente não tem nada. Ela não trouxe nada que a geração dos anos 1970 já não tenha deixado, e aqui me refiro exclusivamente ao pop, já que você acha covardia compará-la a artistas de verdade, embora a compare a dois punks literários (and they say I'm mad). Lady Gaga, caro irmão, é uma piada de mau gosto. Não me importa o que uma pessoa faz para sobreviver e nem quão brilhante seja o seu talento, não é essa a questão. Eu só acho que comparar descontextualizadamente coisas tão diferentes como obras de Lili Bronte e Bill Shakespeare a uma música de uma Lady Gaga da vida seja uma forçação de barra. Podem ter alguma coisa em comum, porque tudo que é humano tem algo em comum, não se trata disso. Se trata do que essas coisas não tem em comum e que consiste no público dessas obras. É perigoso descontextualizar uma obra, seja um livro, uma música, um quadro whatfuckingever. Bronte e Shakespeare escreveram, respectivamente, para públicos do século XVII e XIX, sociedades extremamente conservadoras, tradicionais. Lady idiota Gaga não precisa mais enfrentar esse problema. Ela está inserida em um contexto de produção modal, de surtos, espasmos, tendencias, algo que Bronte e Bill jamais iriam suspeitar. Eles foram inovadores porque quebraram regras, punham em xeque valores idiotas. E a Fanha? O que ela faz além de refletir em música aquilo que a moda quer? E será que existe algo mais conservador do que moda? Hoje a moda dessas divas do caralho é cantar futilidades como carros, hotéis de luxo, dinheiro, extravagâncias. Se amanhã houver uma revolução e a moda tendenciar para algo tipo "bostanova", com gravatinhas e musiquinhas sem sal nem açúcar, elas vão acompanhar essa porra. E não creio que Bronte e Shakespeare aceitariam isso tão facilmente, mesmo porque o que eles tem que os torna especiais é ir contra tendências. Por isso são brilhantes e atemporais, por isso resistem as críticas. Lady Gaga amanhã não vai mais existir, e em dez anos ninguém mais vai falar dela, porque ela, como toda moda, tem prazo de validade.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A-DO-RO quando Vanberto Rossi perde as estribeiras!
      KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK!!!

      Não vou gastar meu Derrida, meu Heidegger, meu Foucault, meu Barthes, meu Bauman e meu Freud para desarticular seu método dialético ultrapassado, pois você mesmo faz isso por mim.
      Só vou pegar um pequeno trechinho contraditório em si mesmo no que você escreveu. Dá uma olhadinha:

      "Eu só acho que comparar descontextualizadamente coisas tão diferentes como obras de Lili Bronte e Bill Shakespeare a uma música de uma Lady Gaga da vida seja uma forçação de barra. Podem ter alguma coisa em comum, porque tudo que é humano tem algo em comum, não se trata disso. Se trata do que essas coisas não tem em comum e que consiste no público dessas obras. É perigoso descontextualizar uma obra".

      Adoro a parte do "podem ter alguma coisa em comum, porque tudo que é humano tem algo em comum". Se tudo que é humano tem algo em comum, para que serve contexto e contextualizações, especialmente de ordem cronológica, histórica, sociológica?

      Não, não! Não se dê ao trabalho de responder. Eu mesmo respondo.
      Contexto é algo bidimensional (dialético). Essa relação que você estabeleceu ao dizer que tudo que é humano tem algo em comum expressa multidimensionalidade: tudo está conectado, tudo dialoga, tudo intertextualiza, tudo é holístico.
      Contexto, como qualquer forma de método cartesiano (ou seja, quadradinho), é uma maneira redutora de querer entender os fenômenos líquidos, fantasmáticos e permeáveis que ditam a existência hoje, século XXI.
      Contextos esbarram num problema simples que desmancha no ar a solidez da bidimensionalidade da dialética: eles simplesmente não funcionam e causam grandes pontos de interrogação que, para os dialéticos, são insolúveis.
      (Oh! Eis que eu vejo o vento levando sua argumentação embora junto com o pó... Que pena! Era tão legal! Vamos fazer como John Fante e perguntar ao pó quais os destinos da contextualização, ou do "É perigoso descontextualizar uma obra, seja um livro, uma música, um quadro whatfuckingever" kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!).

      Além disso, se assim fosse, Shakespeare, Brontë, Tarantino, os roqueiros e os metaleiros seriam datados, logo incompreensíveis e inúteis ao atual século XXI, certo?

      Mude seus paradigmas, irmão, ou você vai sempre se deparar com coisas que passam pelos seus blocos sólidos como se fossem fantasmas e tornam inúteis tais blocos.
      Não tente barrar com o método aquilo que não tem método.

      Quanto à Gaga: ela vai contra todas as tendências, inclusive as da moda, da mesma forma que os grandes artistas. Da mesma forma que Shakespeare, que Brontë, que Tarantino, que os roqueiros e que os metaleiros que nós tanto amamos.

      Como todos os grandes artistas do passado, Gaga não segue a moda. Ela faz a moda, assim como Shakespeare, Brontë, Tarantino, os roqueiros e os metaleiros que amamos. É isso que a diferencia de toda a mesmice das divas do pop e dos cantores pop da década de 1970. É isso simplesmente que a torna diferente, logo interessante.

      Um objeto de observação antropológica extremamente passageiro, com prazo de validade, que amanhã não vai mais existir?
      Talvez. Vamos deixar o tempo dizer.
      Mas se o pós-estruturalismo estiver correto, ela permanecerá, mesmo que de forma intangível.

      Excluir
  10. Antes de mais nada, saiba que eu o pedoo, porque você não sabe o que fala.

    Eu consegui tirar você do sério. Sabe, eu conheço seres deste e de outros mundos que dariam sua existência para te tirar do sério. Isso é bom. Mostra que você ainda é humano kkkkkkkkk!!!

    Amado irmão, seja sincero: você acredita mesmo que a dialética, o conflito, a estrutura, o tal do "pensamento quadradinho" se foram? Acha mesmo que estamos no pós tudo isso? Olha, talvez eu te conheça menos do que imagino, mas eu preciso dizer: eu duvido. Os pós-estruturalistas criticam a estrutura porque dizem que a estrutura nega a agência individual. Eu penso um pouco diferente. A teoria é que faz a agência parecer inútil. Mas você, blood brother, você é prova de que isso não é verdade. Eu digo isso porque esse negócio de pós só funciona no âmbito da teoria, onde é possível provar o improvável. Fora da teoria, a sociedade ocidental tem muito daquilo que os "pós-tudo" insistem em afirmar que mudou. Mudou mesmo, Cido? Você teve uma experiência internacional e depois voltou, como Bilbo: lá e de volta outra vez. Diga-me: mudou tanto assim, a ponto de alguém afirmar que a dialética é um método quadradinho que não serve pra mais nada? Isso me entristece, porque sendo quadradinha, a dialética dá conta de tanta coisa. Muito mais do que você pode imaginar.

    Você me ofende dizendo que eu preciso mudar minhas concepções porque sou quadrado, antiquado. É que foi com esta minha cabeça dura que eu conquistei o pouco que posso dizer que tenho nesta vida. Eu acredito muito pouco em teoria, você sabe disso. Pra mim a ação é muito mais importante, porque mesmo que haja uma estrutura que se funda em relações dialéticas, a minha ação me permite encontrar seus meandros e modificar a maneira da minha existência. É pela ação que posso desempenhar diferentes papéis e transitar entre diferentes identidades. A teoria pode me oferecer possíveis explicações para as dinâmicas da minha experiência, mas a experiência vem pela ação e não pela teoria. Permita-me lembrá-lo, querido irmão, que os teóricos são cachorros e as teorias são carros: eles correm atrás deles mas não saberiam o que fazer se pegassem algum. Eles só querem correr.

    Gagas, Irons, Ozzys, Chers, KISSes, essas personas sempre existiram. São heróis e heroínas. O que as diferencia? O contexto e a ação. O contexto, querendo você ou não, existe e nós temos a dizer e fazer no nosso momento. Duvida? Tente, então, transportar os anos 70 pros 2000. É possível? Até é, mas todo mundo vai achar uma imensa caricatura. Nada contra caricaturas. Mas aquilo que se convencionou chamar "realidade" é bem diferente. O mundo dos homens não é uma caricatura. É um lugar horrível, cheio de pessoas cruéis que querem nos fazer crer que nada existe, que tudo não passa de uma piada. Mas você, dear hermano, se esquece que dizer que nada existe é o mesmo que dizer que tudo existe.

    Mas se quer mesmo uma prova concreta, aplique Platão ao contexto atual e veja se o mundo está em momento "pós". Não, melhor, aplique Freud ao momento atual. Ele ainda dá conta de muito mais coisa do que você pode imaginar.

    Bjs, me liga.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É ISSOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!
      É ISOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO MEU DEUS!!!
      EU CONSEGUI!!! EU CONSEGUI!!!
      JESUS SEJA LOUVADO!!!
      [em lágrimas de emoção aqui]

      O Céu se abre. Anjos alados tocando harpas gregas descem envoltos em halos de luz cantando o Aleluia. Vanberto é pego de surpresa, se irrita com os anjos, manda todos praquele lugar e, pegando um borrifador de veneno, borrifa veneno nos anjos e mata a todos como moscas.

      VANBERTO SE TORNOU PÓS-ESTRUTURALISTA!

      A prova: a resposta acima dada a este post.
      A parte mais emocionante, a que eu mais gostei (e eu estou falando sério; não estou brincando e nem ironizando), é a seguinte:

      "Pra mim a ação é muito mais importante, porque mesmo que haja uma estrutura que se funda em relações dialéticas, a minha ação me permite encontrar seus meandros e modificar a maneira da minha existência. É pela ação que posso desempenhar diferentes papéis e transitar entre diferentes identidades".

      Pontuando 11 coisinhas:

      a) A estrutura não nega a agência individual. A estrutura é contraditória em si mesma e seu mecanismo de sustentação dá-se pela oposição e pela hierarquia, o que bloqueia qualquer agência individual. É isto que os pós-estruturalistas criticam.

      b) Os pós-tudo não afirmam que nada mudou. Afirmam, sim, que tudo virou pó e voltou ao estado de caos indistinto. Isso é, para eles, lamentável e preocupante.

      c) Pare de dramalhão mexicano! Eu não quis te ofender em nada e valorizo absolutamente tudo que você conquistou, porque eu sei que é honesto e merecido, visto que eu o tenho acompanhado desde sempre.

      d) MENTIROSO! SAFARDANA! kkkkkkkkkkkkkkkkkk!!! Eu devia enfiar a mão na sua cara depois da seguinte afirmação burlesca: "Eu acredito muito pouco em teoria". Poucas pessoas são mais teóricas que você. E para piorar, AMA discutir teoria justamente comigo! Só não te dou outra porque... rsrsrs

      e) Se suas ações te permitem encontrar meandros para modificar a maneira da sua existência e, ao mesmo tempo, transitar por diferentes identitade e desempenhar papéis diferentes, você ESTÁ COLOCANDO EM PRÁTICA A PRERROGATIVA FUNDAMENTAL DE TODOS OS PÓS-ESTRUTURALISMOS: fazer o sistema girar de forma diferente, em si mesmo e sem fazer com que ele se oblitere.

      f) Quem lê você dizer que "A experiência vem pela ação e não pela teoria" até pode acreditar que você é um empirista. KKKKKKKKKKKK!!! Eu te conheço desde o primeiro dia que você esguelou nesse mundo! Coloco minha mão (com uma luvinha de amianto, é claro) no fogo se você for um empiritista! Você é um teórico de mão cheia, capaz de provar a existência do que não existe e pronto! Só não te dou outra porque...

      g) Você mesmo disse que o que Gaga faz os cantores pop já fizeram nos anos 70. Logo, os anos 70 já foram transportados para os anos 2000. Imensa caricatura? Sim, claro! Da mesma forma que os anos 70 eram caricatura dos anos 50 e assim sucessivamente até a Pré-História. Aliás, o que seria a História senão uma caricatura da Pré-História?

      h) O que você chama de "realidade" não existe.

      i) O mundo dos homens não é mesmo uma caricatura, mas sim algo bem pior: um simulacro.

      j) Se você ler "A farmácia de Platão", de mestre Jacques Derrida, vai descobrir que a chave do Pós-estruturalismo está, justamente, em Platão.

      k) Se você ler "Freud e a cena da escritura", também de mestre Jacques Derrida, vai descobrir que Freud era um pós-estruturalista avant la lettre.

      ENTÃO, PARE DE GRAÇA E ASSUMA LOGO A SUA CONDIÇÃO DE PÓS-ESTRUTURALISTA!
      Te garanto que a sua relação com a dialética vai melhorar muito e que assumir isso não vai excluir a dialética de você e da sua vida.

      Beijos, te ligo!

      Excluir
  11. Eu não sou pós-estruturalista. Eu sou uma pessoa muito simples. Eu gosto de coisas simples como a dialética, a estrutura, a experiência porque a simplicidade parece ser uma das foças que regem o universo. Eu prefiro me definir como um idealista, um cientistazinho social de merda, ou um mero trabalhador-assalariado-precarizado, porque esses alter-egos me mantém invisível à estrutura. E é aí, meu caro, que entra a ação. Isso não é ser pós-estruturalista. É ser sofista.

    O ponto fundamental é que não importa se a estrutura é fixa, uma vez que as identidades são flutuantes. Lady Gaga é Lady Gaga nos palcos, na tv, nas revistas, nas convenções dos fãs. Fora desse contexto, ela assume outras identidades, outros papéis, outras negociações hierárquicas. O problema é que a estrutura mantém pontos de fixação de identidades nas quais há bilhões de pessoas afiliadas, como a religião, a moda, as classes, a nacionalidade, a raça, o gênero.

    O main-frame de toda essa máquina opera de maneira muito simples: pela cooptação. Há uma disputa, querido irmão, entre códigos morais pela possessão das identidades individuais. É uma guerra invisível, insensível, ininteligível, porque os envolvidos na disputa, no final das contas, estão em conluio, como no livro do Spohr. Nós nos sentimos confusos e estamos sempre sendo confundidos, porque a confusão é o elemento "x" da cooptação. Um exemplo básico: nota fiscal paulista. Gastamos uma quantia absurda de dinheiro em compras para reavermos uma ínfima fração. Todo mundo acha isso razoável. Todo mundo acha razoável gastar R$ 30.000,00 em uma mercadoria qualquer e recuperar R$ 100,00 pra pagar uma parcela do IPVA ou as contas de final de ano. Pior: defendem isso como algo fundamental, uma ação formidável. Ninguém se importa com a incoerência sistemática dessa prática, uma vez que estamos todos, nesse sentido, devidamente caracterizados pela estrutura como consumidores.

    Lady Gaga, cooptada por esses códigos morais, talvez sem nem mesmo perceber, se tornou uma ferramenta de disseminação da estrutura: um ponto de fixação identitária. Quando alguém ou alguma coisa dita moda, sua função como novidade foi cumprida e o sistema já a assimilou e a identificou. É por isso que, apesar dos esforços dos movimentos feministas, dos movimentos étnicos, dos movimentos ecológicos, nenhum deles é admitido como parte da sociedade. São excluídos porque a estrutura ainda não conseguiu inventar um código alfanumérico eficiente para eles.

    Como você pode ver, um sistema calcado em uma simples relação dialética, aquele parzinho conceitual bonitinho e quadradinho, cuja discussão dizem superada, exerce forte poder sobre o mundo. Eles sabem disso, mas não sabem o que fazer com essa informação. Diferente da estrutura que produz a informação e a impõe, simples assim. Você percebe que a simplicidade pode ser assustadora?

    Agora a deixa derridiana: a estrutura é dinamicamente simples. Em outras palavras, ela torna simples o complexo, ela o reduz. O que aconteceria, por outro lado, se ela se deparasse com outro sistema tão simples quanto ela? Eu acho que esse é o ponto em que os "pós" acham que estamos. Mas isso é um erro. Eles não se pautam pela simplicidade, mas pela complexidade e, por isso, estão condenados a eterna assimilação da estrutura. Eu acredito que o caminho da mudança é o caminho da simplicidade. Você já considerou que as teorias pós podem estar plantadas em terreno estéril? A solidez da estrutura não se desfez no ar e nem se tornou pó, ela se tornou fluida, maleável, mas continua tão sólida como sempre esteve.

    ResponderExcluir