domingo, 9 de janeiro de 2011

E NO INÍCIO...

Desde há muito venho relutando em iniciar um blog. Quando, nos idos dos finais da década de 1990, essa possibilidade surgiu na internet, eu achava muito difícil e complicado. Aí começou um novo milênio e os recursos da ferramenta ficaram infinitamente mais fáceis, mas eu continuei relutando, mesmo resistindo à idéia. "Para que um blog?", "O que teria eu a dizer sobre qualquer coisa?", "Eu já escrevi uma dissertação de mestrado, vários artigos para revistas especializadas, um romance ainda não publicado e estou terminando uma tese de doutorado. Para que eu ainda tenho que escrever mais?", "Eu não tenho tempo para isso.".

Mas eis que uma amiga, Cher Lopes, criou um blog o Literando para falar de literatura, televisão e música pop; e, recentemente, meu irmão também resolveu criar um blog o Perversão! para falar da "ordem vigente" (seja lá o que é isso... rsrs). Eu acabei sendo influenciado por essas duas pessoas e repensei meu relutar e minha resistência quanto a blogs: decidi criar um blog para falar, da maneira mais livre possível, e para ouvir também (dos leitores e possíveis comentaristas), sobre Literatura e Cinema, dois assuntos que gosto.

Surgiu assim "O Caminho Recusado", o então "meu" blog, porque eu sempre recusei em fazê-lo, mas acabei decidindo trilhar esse caminho e ver o que acontece.

"O Caminho Recusado" é, na verdade, o meu poema preferido de Robert Frost, um poema que conta a história da minha vida em vinte versos e que, talvez, agora seja uma premonição das conseqüências dessa minha decisão.

Por isso, nessa postagem inaugural eu reproduzo esse poema, como uma epígrafe e como uma assinatura a tudo que será postado futuramente.

O CAMINHO RECUSADO
Robert Frost

Num bosque amarelo, dois caminhos
Divergiam — e diante da escolha
Demoradamente olhei, sozinho,
Um que eu via melhor que o vizinho
E se perdia em curvas, em folhas;

Mas fui pelo outro, pois se estendeu
Também gentil e mais a meu gosto
Nos vegetais, no que ofereceu;
Seria o mesmo, imaginei eu,
Se preferisse o caminho oposto,

Pois na manhã cada qual dormia
Sobre folhas nunca palmilhadas.
— Fique o primeiro para outro dia!
Mas sei bem que estrada puxa estrada
E pressenti que não voltaria...

Vou sempre chorar o que ocorreu
Nos dois caminhos, tristeza imensa;
Ah, divergiram num bosque e eu
Quis o que mais raro pareceu
— E isto me fez toda a diferença...

(Tradução de Jorge Wanderley. In: WANDERLEY, Jorge (org.). Antologia da nova poesia norte-americana. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1992)

8 comentários:

  1. É meu amigo, a recusa é uma grande armadilha!!!



    RECUSAR É...

    ... UM AFIRMAR NUM NEGAR
    ... UM VIVER NUM MORRER
    ... UM SORRIR NUM DORMIR
    ... UM AFLORAR NUM CESSAR
    ... UM ABRIR NUM CONCLUIR
    ... UM SOFRER NUM BEM QUERER
    ... UM TERMINAR NUM COMEÇAR...

    ...É RASUCER.

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  2. só esqueci de assinar a poesia!!! rs rs
    armadilhas da recusa!!!

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  3. De fato, recusar é tudo isso.
    Mas, antes de tudo, nossas recusas dizem muito de nós mesmos...

    A poesia é sua?

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  4. Olá pequeno menino Cido! Beleza? Estou esperando até hoje os outros capítulos do seu ótimo livro hein! Parabéns pela iniciativa do blog, tu tem talento!

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  5. Querido...vou me divertir muito aqui, e talvez até retomar meus velhor costumes...

    Nenhum caminho pode ser recusado, pois pode ser que ele seja o único que te leve onde você deseja ir.

    Kisses, e vou ler

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  6. Sim my dear, a poesia é minha, criei ontem ao ler seu blog!!! beijos

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  7. Aquilo que se recusa é o que assombra. A recusa é o canto escuro, o lado esquerdo, o disco tocado ao contrário, o esquecido e, por isso mesmo, sempre lembrado... É o lado negro do paraíso, a piada sem graça, a imagem no espelho.

    É um atalho, uma brecha obscura que conduz ao mais alto pico do Éden e, de repente, ao calabouço mais sombrio do Tártaro.

    É o caminho da Morte, a detentora de todas as chaves que dão acesso a todas as portas. Esse caminho não se recusa e, por isso mesmo, é e sempre será recusado.

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  8. Cido peguei seu blog no facebook agora e fiquei super feliz com o pouco que li. Você é realmente uma pessoa muito iluminada e ler o que você escreve é cativante.
    Talvez você nem se lembre de mim, mas eu lembro de você perfeitamente, pois foi um grande orientador na reta final do meu artigo "A Queda da Casa de Usher" Edgar Allan Poe.
    Grande abraço e felicidades.
    Márcia C. Bertucci Giovanini

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